sexta-feira, 5 de abril de 2013

Tropa de Elite de Israel


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ISRAEL – TROPA ALPINA
A Unidade de Alpinismo das Forças Especiais da Reserva das Forças de Defesa de Israel (IDF) é uma unidade da reserva, capacitada para operar em clima extremamente fria, formada para proteger o Monte Hermon, situado ao norte de Israel, considerado um dos pontos estratégicos mais importantes do país e utilizado para coleta de sinais de inteligência eletrônica.

O MONTE HERMON
Em uma análise superficial, pode parecer um contra-senso a existência de uma unidade especial para atuar em clima extremamente frio em um país que possui somente uma montanha coberta de neve, o Monte Hermon. Entretanto, esta única montanha abriga a mais importante estação de coleta de sinais de inteligência eletrônica de Israel, proporcionando vigilância e alerta antecipado sobre a Síria, um dos mais tradicionais inimigos de Israel.

Localizado na região das Colinas de Golã, o Monte Hermon é parte da Cordilheira Hermon, possuindo alguns picos em território sírio e outros em território israelense. Em Israel, a montanha possui dois picos – “Israeli” e “Mit’zpe Shlagim“ (em hebraico, “observatório de neve”). Conhecidos como “os olhos de Israel”, ambos os picos abrigam postos militares fortificados, contendo antenas de comunicações, torres, postos de observação e equipamento de vigilância eletrônica. As instalações de inteligência são guarnecidas pela Unidade 8200, tropa das IDF que possui as mesmas atribuições da Agência de Segurança Nacional dos EUA. 

Todavia, diferentemente da agência norte-americana, que é civil e independente, a Unidade 8200 é uma formação militar, pertencente à Arma de Inteligência Militar das IDF.

Os montes distam somente 35 km da capital síria – Damasco – o que proporciona a Israel a capacidade de alerta quanto à uma possível investida síria contra seu território. Também serve para dissuadir os sírios, lembrando que sua capital está bem ao alcance da artilharia israelense.

A pequena distância entre os dois picos israelenses e a fronteira com a Síria – menos de 500 metros – torna os postos de inteligência vulneráveis a ataques de comandos sírios, fator que justifica a existência de uma unidade destinada exclusivamente à proteção do Monte Hermon.

SURGE A UNIDADE DE ALPINISMO
Os membros da Unidade de Alpinismo são, em sua maioria, ex-integrantes da Sayeret Golani, a Unidade da Brigada Golã destinada a realizar patrulhas de reconhecimento de longo alcance (LRRP). Os demais membros da unidade são imigrantes com experiência militar em área de montanha em seus países de origem. Estes homens contribuem transmitindo seus conhecimentos aos soldados nativos de Israel, os quais têm pouca vivência com neve ou clima de frio extremo.

A razão pela qual são aproveitados os homens que já prestaram serviço na Brigada Golã reside no fato de que essa grande unidade é responsável pela defesa do setor norte de Israel, onde se localiza o Monte Hermon, e que sua instrução para combate no clima frio é mais intensa do que em outras unida-des das IDF. Além disso, a Sayeret Golani é considerada uma das mais importantes unidades de elite das IDF e já foi empregada em diversas oportunidades em combate para defender a região do Monte Hermon, particularmente durante a Guerra do Yom Kippur, em 1973.

Israel capturou as Colinas de Golã da Síria na Guerra dos Seis Dias em 1967. Nessa oportunidade, duas unidades das IDF participaram com destaque: Sayeret Golani, composta por elementos de infantaria da Brigada Golã, e Sayeret Matkal, unidade de forças especiais que possuía um grupamento de alpinismo com equipamento e armamento especiais. Todavia, em ambas as unidades, o treinamento e o equipamento de inverno recebiam prioridade secundária.

Em 1973 a Síria e o Egito lançaram um ataque simultâneo de surpresa ao território de Israel, dando origem à Guerra do Yom Kippur. Já no primeiro dia de hostilidades, um batalhão de comandos sírios, especialmente adestrado para combate em montanha, capturou os postos avançados israelenses no Monte Hermon. As instalações israelenses estavam fracamente defendidas por soldados regulares de infantaria, os quais ofereceram pouca resistência aos comandos sírios. Além das perdas humanas, os sírios colocaram as mãos em diversas informações sigilosas e capturaram muitos equipamentos de vigilância eletrônica.

No último dia da guerra, a Brigada Golã, liderada pelos homens da Sayeret Golani, conseguiu recapturar os postos israelenses no Monte Hermon. Na oportunidade, 52 soldados israelenses foram mortos e mais de uma centena foi gravemente ferida pelos sírios. Após o término do conflito ocorreram combates e escaramuças esporádicos entre forças especiais israelenses e comandos sírios nos picos do Monte Hermon, situação que perdurou até maio de 1974, quando foi assinado um acordo de cessar-fogo.

A experiência amarga da Guerra do Yom Kippur mostrou o despreparo das unidades regulares israelenses para o combate em ambiente de montanha com mais de 2.200 metros de altitude. Dada a importância do Monte Hermon e dos postos avançados nele localizados, o comando das IDF decidiu criar uma unidade especificamente destinada ao combate em montanha e em clima extremamente frio.

Em 31 de outubro de 1973, uma semana após o cessar-fogo com a Síria, uma patrulha de longo alcance da Brigada de Pára-quedistas foi despachada para realizar uma missão de reconhecimento no interior do território sírio, a norte do Monte Hermon. Durante seu deslocamento a patrulha foi colhida por uma forte nevasca e precisou refugiar-se em uma caverna, onde ficou presa pelo gelo e pela neve. Uma equipe de 12 homens da Unidade Sayeret Matkal foi despachada para resgatar a patrulha, o que foi realizado com muita dificuldade. Durante a operação, um homem da equipe de resgate morreu de frio, devido à falta de equipamentos adequados para operar em climas extremos. Alguns meses depois desse incidente, no início de 1974, a Unidade de Alpinistas foi finalmente formada.

Inicialmente, a unidade recebeu prioridade mas, dois anos depois, foi desativada em virtude do comando das IDF não encontrar justificativa para mantê-la em atividade regular. No final de 1979, as IDF ativaram novamente a unidade, desta vez empregando soldados da reserva (voluntários) procedentes de diversas unidades das forças especiais, principalmente da 
Brigada Golã.

FORMAÇÃO E TREINAMENTO

A maior parte das unidades pertencentes às forças especiais das IDF passa por um rigoroso período de treinamento de 20 meses, denominado Malsul, ao final do qual os soldados recebem as insígnias de suas unidades e o status de combatentes. A Unidade de Alpinismo, contudo, possui um regime de treinamento próprio. Devido ao fato de que é formada por soldados já formados e provenientes de outras unidades de forças especiais com anos de experiência em combate no Líbano e nos territórios palestinos ocupados, a unidade limita-se a adestrar seus homens nas técnicas e táticas necessárias à sobrevivência e ao combate em montanha e em clima frio. A instrução engloba técnicas avançadas de montanhismo, sobrevivência no gelo, táticas de combate em neve, prática de esqui e camuflagem na neve. A missão secundária da unidade – busca e salvamento – também recebe atenção especial e os soldados são treinados como paramédicos e aprendem técnicas de resgate em montanha e na neve.

Como já foi mencionado, os imigrantes judeus procedentes de países com tropas de montanha têm contribuído com a instrução da Unidade de Alpinistas. Por exemplo, um dos principais instrutores da Unidade desde 1982 era ex-integrante da Unidade Alpina das forças especiais da Suécia.

O programa de instrução dos novos operadores possui a duração de oito semanas, compreendendo:

- Treinamento básico (3 semanas): deslocamentos na neve, sobrevivência, equipamento de inverno e orientação.
- Treinamento geral de busca e salvamento (2 semanas): técnicas de fast Rope e Rapel, escalada e treinamento como paramédicos.
- Treinamento avançado de inverno (2 semanas): técnica de esqui e táticas de combate.
- Treinamento de busca e salvamento em condições extremas (1 semana)

A condição de reservistas dos integrantes da unidade exerce grande influência sobre seu 
treinamento, pois os homens permanecem em atividade somente de 45 a 60 dias por ano. O adestramento da Unidade de Alpinismo, todavia, é realizado em diversos anos, cada qual com um objetivo específico. Nos anos em que a neve é mais intensa, prioriza-se a instrução de esqui e manobras na neve. Nos períodos mais quentes, onde a neve é rara, o treinamento é voltado para as ações de combate em terreno aberto. Como os soldados permanecem vinculados à unidade por vários anos, adquirem muita experiência operacional em seu período de serviço.

A principal dificuldade para o adestramento reside no fato de que o inverno de Israel raramente proporciona condições ideais de neve para o treinamento intensivo de inverno. Para atenuar este problema, os integrantes da unidade realizam treinamento na França e nos EUA quando a neve em Israel não é suficiente.

A Unidade de Alpinismo das IDF também realiza intercâmbio com as Tropas Alpinas da Áustria, as quais são participantes das Forças de Engajamento e Observação da OTAN. Juntas, as duas unidades realizam operações conjuntas periódicas nas Colinas de Golã e no próprio Monte Hermon.

ARMAMENTO E EQUIPAMENTO

A Unidade de Alpinismo possui armamento e equipamento moderno, acima da média das unidades de reserva das IDF. O equipamento é semelhante ao das unidades de montanha dos países ocidentais, incluindo uniformes de combate brancos para camuflagem, jaquetas de vento, óculos de proteção, luvas, etc.

O armamento padrão da unidade é o fuzil de assalto CAR-15 de 5,56mm, versão compacta semelhante ao Colt Commando M-4 americano, o qual é freqüentemente equipado com luneta telescópica El-Op Eyal com aumento de 150%. A partir de 1990, foi introduzida a luneta ACOG 4X32, sendo a Unidade de Alpinismo, a primeira das IDF a utilizar tal equipamento.

Para aumentar a mobilidade, especialmente nas missões de busca e salvamento, a Unidade emprega veículos do tipo snowmobile, capazes de realizar a remoção de feridos e acidentados no terreno nevado.

MISSÃO E OPERAÇÕES

Em combate
A única participação em combate da Unidade de Alpinismo foi em 1982, durante a Operação Paz para a Galiléia (Guerra do Líbano), oportunidade em que foi empregada nas montanhas ao sul do Líbano.

Em tempo de paz
Durante os períodos de treinamento dos reservistas, em tempo de paz, os soldados são adestrados em técnicas de emboscada e patrulha na área do Monte Hermon. Estas atividades têm por objetivo familiarizar os recrutas com o terreno além de manter o nível de operacionalidade da unidade. Como a fronteira entre Israel e Síria no Monte Hermon tem-se apresentado tranqüila desde 1974, a ênfase no adestramento da Unidade de Alpinismo tem recaído sobre as operações de busca e salvamento.

Em condições extremas, quando a neve impede o acesso aos dois postos militares no Monte Hermon, a unidade assume a responsabilidade de realizar a ligação entre eles e Israel, por exemplo, em casos de evacuação médica. Outra missão importante da Unidade é instruir e adestrar as demais unidades das forças especiais israelenses no combate em montanha com clima extremamente frio.

GALERIA DE IMAGENS

Além dos uniformes tradicionais das IDF, os integrantes da Unidade de Alpinismo possuem uniformes e equipamentos próprios, especializados para emprego em montanha. O soldado acima veste uniforme camuflado branco, próprio para operações na neve, e utiliza óculos de proteção contra cegueira pela neve e capuz contra o frio. Sobre o uniforme traz bolsas de nylon, também brancas, para o transporte de munição e material individual. Está armado com um fuzil CAR-15 e possui um bastão de sondagem para auxílio nas escaladas (fora de vista).

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