quarta-feira, 1 de junho de 2011

Cristiane Cardoso - A bolha dela


Ela era uma garota comum e, como geralmente nada muito especial acontecia em sua vida, sonhava acordada a maior parte do dia... na escola, no carro, no chuveiro e na cama.
Ela era sempre a personagem principal dos seus sonhos, e ali era amada, querida e desejada. Pelo fato de tudo isso estar bem longe da sua realidade, muitas vezes ela distanciava-se do que acontecia em seu cotidiano e refugiava-se nesses sonhos.
Cada vez que uma amiga deixava de ser uma amiga, por exemplo, ela voltava para o seu mundo de fantasias, onde ninguém poderia machucá-la, pelo contrário – ali todos a amavam.
Crescer assim parecia mais fácil para ela, mas a realidade foi se tornando cada vez mais difícil de ser encarada. Sua família mudou-se para um lugar longe de tudo e de todos que ela conhecia.
De uma hora para outra, essa menina se viu num país estranho, cercada por uma nova língua e um novo povo. Aqueles foram os piores anos de sua adolescência. As garotas do colégio eram más com ela.
“Bullying” era um jogo novo que essa menina não sabia jogar, mas, felizmente, ela sempre podia se refugiar nos seus sonhos. E assim, cada vez mais ela se fechava dentro de si mesma e não deixava ninguém entrar. Ela escutava seu walkman durante todo o dia e sonhava.
A vida de uma garota comum que achava que nunca iria chegar a lugar algum, a qual ouvia constantemente pessoas dizerem que ela era muito tímida para namorar um dia, quanto mais para casar. Essa menina que não conseguia andar de bicicleta, e tudo o que tinha eram inseguranças estampadas em seu rosto, que não sorria para estranhos ou até mesmo colegas de classe, não olhava para ninguém nos olhos - por ser muito assustador para ela, e seu mundo consistia basicamente em viver um dia após o outro…
Era eu.
Um dia encontrei Deus e com isso me vi - toda espremida em um canto - com medo de sair e ser quem eu era. Não foi fácil, estava escondida naquele canto há muito tempo. Meus olhos se abriram e eu comecei a ver as coisas de forma diferente, a acreditar em tudo aquilo que havia sido um sonho até então.
Comecei a destruir as muralhas que havia colocado ao meu redor. Aprendi a lutar. Todo o processo levou um tempo para, finalmente, me arrancar de dentro daquela bolha invisível da qual fui prisioneira durante toda a minha vida. Mas, quando eu saí, estava finalmente livre.
Livre de todas as minhas inseguranças da infância e juventude. Livre de todas as ideias erradas, acumuladas ao longo dos anos. Livre de todos os hábitos teimosos que me custaram muito no passado. Eu estava livre para ser quem eu era, a Cristiane que Deus queria que eu fosse.
Eu sugiro que você faça o mesmo, porque essa situação é bastante deprimente, ninguém pode realmente ajudá-la enquanto estiver presa a ela. Está é uma bolha diabólica que só Deus pode estourar para você.

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