terça-feira, 27 de julho de 2010

A VERDADE

Na Inglaterra havia um homem que, apesar de ser muito rico, ter esposa e dois filhos maravilhosos, resolveu sair pelo mundo em busca da Verdade. Conversou sobre isso com a família, providenciou para que nada lhes faltasse durante a sua ausência, e saiu pelo mundo. Andou durante muitos anos perguntando sobre a Verdade pelos quatro cantos da Terra. Até que um dia alguém apontou uma montanha para ele e disse:

- Lá em cima tem uma gruta. Dizem que é lá onde mora a Verdade.
O homem subiu na montanha e encontrou uma velha maltrapilha sentada na entrada da gruta, e perguntou:
- Você é a Verdade?

Ela respondeu que "sim" numa voz tão cristalina e encantadora que o homem não teve dúvidas de que estava diante da própria. Então, resolveu ficar ali morando com ela e aprendendo mais sobre a vida e as coisas. Depois de um ano e um dia, sentiu finalmente saudades de casa e resolveu voltar. A Verdade não se opôs. Ao se despedir, o homem perguntou:

- O que eu poderia fazer por você depois de tudo o que você fez por mim?

A Verdade parou um pouco e pensou. Depois levantou o seu dedinho de velha e disse:

- Quando perguntarem por mim, diga que eu sou jovem e bonita !

Neste conto, recolhido pela atriz Raquel Barch, podemos, num primeiro momento, até nos divertir um pouco acreditando que a Verdade pedira para o homem mentir sobre ela, colocando ele numa situação constrangedora. Mas, seria realmente assim?

A Verdade é íntegra por natureza e, portanto, incapaz de qualquer falsidade. Devemos, então, aceitar uma segunda hipótese: "a percepção limitada do homem estava errada, pois a Verdade não era velha e maltrapilha, mas, sim, jovem e bonita."

Conclui-se, claramente, que ao homem não bastara todo aquele tempo junto à Verdade para compreendê-la. Para tal, era preciso compreender também o significado da vida e do tempo, e ter alcançado um certo grau de consciência, liberta da ilusão da forma. Esta capacidade só se alcança quando, mesmo estando hoje presos à uma forma física, nos tornamos sensíveis à Realidade Interior.

Isto acontece também nos relacionamentos humanos: "quantas vezes convivemos com uma pessoa, até sob o mesmo teto, e, mesmo depois de anos, não chegamos a conhecê-la completamente, devido a nossa miopia para enxergar o seu interior."

Da mesma maneira, a pessoa evoluída reconhece que na idade madura, quando a curva biológica começa a declinar, a sua forma física não consegue mais servir o Espírito, como antes, que se mantêm sempre jovem e belo. O mistério da vida talvez se resume apenas nesta Verdade:

"VIVEMOS NESTAS DUAS REALIDADES, UMA QUE PASSA E ENVELHECE, E OUTRA QUE PERMANECE."

"AQUELE QUE SE PRENDE À FORMA NÃO CONSEGUE VER O FUNDO. E AQUELE QUE ALCANÇA O FUNDO NÃO SE ILUDE COM A FORMA."

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