terça-feira, 10 de abril de 2012

Ensaios de uma noiva - Parte 11 - O grande e decepcionante dia



Laura é uma jovem que terminou o seu noivado com um homem admirável. Ela nem sabe o motivo dessa decisão, tampouco compreende que o distanciamento foi acontecendo aos poucos, e de forma tão delicada, que, quando percebe, já se encontra longe demais dele. Laura passa a querer preencher essa falta, mas a sua tristeza, no fundo, é saber que o seu amor não está nos lugares onde procura. O dilema de Laura é tentar reencontrar o seu amado, que um dia foi desprezado, e que ela teme agora rejeitá-la.

Era a primeira vez que eu passava o Dia dos Namorados com alguém. De tão ansiosa que estava, acordei quase de madrugada. A minha mãe até estranhou... Menos de uma hora depois, alguém bateu à porta. Era ele.


Fiquei tão impressionada, que imaginei ser uma surpresa da parte dele. Mas aí ele disse:
– Precisamos conversar. – Assim, bem seco.
Na hora senti um gelo na espinha; comecei a ficar nervosa, mas procurei não demonstrar. Não sei se percebeu no momento. A minha mãe se aproximou e perguntou se gostaria de tomar café. Até ela ficou surpresa por vê-lo ali àquela hora da manhã...
– Não, obrigado! – Respondeu, da mesma forma seco.
Estranhei o fato de ele estar com a mesma camisa xadrez e a mesma calça preta do dia anterior. Também parecia cansado, como se estivesse passado a noite em claro. Já eu não conseguia entender o motivo dele estar na minha casa tão cedo.
A minha mãe se afastou, e ele começou falando várias coisas. Falou da família, da faculdade, dos seus planos futuros. Vi que estava enrolando, mesmo assim não queria deixar de ouvi-lo. Acho que eu já imaginava onde a conversa ia parar. Eu tinha medo das próximas palavras dele, da minha possível reação, de uma inesperada decepção ou de ver que o meu castelo construído com tanta ilusão estaria se desmoronando.
Eu não queria saber do futuro, do que ele iria falar nos próximos segundos, não queria sentir nenhuma dor. Não naquele dia. Não causada por alguém que tanto amava.
Enquanto ele falava, a minha reação era de observar cada detalhe do rosto dele, cada gesto, expressão... Para mim, qualquer coisa que falasse com a boca ou com o corpo era um indício de para onde a conversa iria nos levar.
Acredito que desde o início eu já soubesse. Mas, como eu estava rendida... Não queria constatar o meu novo fracasso, e ter de encarar a minha mãe, meus pais, meus irmãos. E ter de explicar o motivo do fim do relacionamento, e ver nos olhos de cada um a minha imagem refletida de tristeza, o olhar de pena...
Foi quando coloquei os pés no chão para voltar a cair. Só ouvi quando ele disse:
– ... Foi muito bom, você é muito especial, mas prefiro terminar o namoro...
Chega! Não me lembro de mais nada. De bom aquele relacionamento não tinha nada. Se tinha, então por que terminar? De quem era a culpa? Qual o real motivo? Não consegui resposta para nenhuma dessas perguntas. Estava atônita, arrasada, frustrada.
E o grande Dia Dos Namorados? Acabou antes mesmo de começar.

Aguarde a continuação...



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